29 de abril de 2024 13:21

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Análise: Biden tenta evitar escalada de conflito no Oriente Médio

por Celio Galvao
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O ataque a Israel lançado do solo iraniano é um cenário que o presidente dos EUA, Joe Biden, procurou evitar desde o início da guerra no Oriente Médio.

A ofensiva aumenta o risco de um conflito regional mais amplo que poderia atrair diretamente os Estados Unidos, juntamente com outros países.

E eles colocam Biden – novamente – na difícil posição de prometer apoio firme a Israel, enquanto também tenta se afastar da guerra.

Logo após os ataques do Irã, as autoridades americanas reconheceram que estavam entrando em território desconhecido.

Um ponto de interrogação significativo é como grupos que têm ligação com o Irã, como o Hezbollah, podem potencialmente entrar ainda mais na guerra e aumentar a imprevisibilidade.

Com as discussões em Israel sobre uma resposta, o governo Biden deve continuar aconselhando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a não escalar o conflito.

Biden também precisa agir internamente num ano eleitoral. A guerra entre Israel e Hamas teve impacto negativo na campanha do presidente, já que inicialmente ele se recusou a pedir um cessar-fogo permanente em Gaza.

Biden retornou urgentemente à Casa Branca de sua casa de praia em Delaware no sábado (13) à tarde para monitorar em tempo real os eventos.

Autoridades do governo consideraram desproporcionais os ataques do Irã a Israel na comparação com o ataque de Israel em Damasco que levaram à retaliação, disse um funcionário dos EUA à CNN.

Presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington / 09/02/2024 REUTERS/Evelyn Hockstein

Essa visão tem sido um fator importante nas discussões que ocorrem na Casa Branca sobre os próximos passos, especialmente porque Biden está determinado a evitar um conflito regional em larga escala.

Há também um reconhecimento de que o que Israel, provavelmente, fará em resposta dependerá de uma avaliação completa dos danos, incluindo possíveis vítimas.

Biden e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu falaram na noite de sábado, assim como o secretário de Defesa Lloyd Austin e o ministro israelense Yoav Gallant. Os dois governos permanecerão em contato próximo nas próximas horas e dias.

Depois do ataque israelense à embaixada do Irã, na Síria, autoridades dos EUA monitoraram a preparação iraniana para lançar um grande ataque a Israel, avaliando como inevitável.

Enquanto os EUA, em contato com Israel, procuravam descobrir exatamente como, quando e onde exatamente o Irã retaliaria, funcionários do governo não descartaram totalmente um ataque dentro de Israel, além de americanos na região.

Apesar das tensões atuais com Netanyahu sobre a guerra em Gaza, Biden e seus principais assessores procuraram, na semana passada, reforçar o apoio quando se trata da defesa de Israel contra o Irã.

Nas horas antes do ataque do Irã, os Estados Unidos reiteraram esta postura. Biden manteve sua promessa, com oficiais de defesa dizendo à CNN que os militares dos EUA interceptaram com sucesso alguns mísseis iranianos no sábado (13).

Os americanos também aconselharam Israel a não permitir que a situação saísse do controle se a resposta do Irã fosse limitada, disseram membros do governo.

Os EUA ainda enviaram mensagens públicas e privadas ao Irã alertando sobre a escalada da crise e pressionaram aliados europeus e árabes a conversar com Teerã para mandar mensagens semelhantes.

À medida que os planos do Irã para atacar Israel ficaram mais claros, as autoridades americanas avaliaram cada vez mais que Teerã não estava buscando um conflito direto com os Estados Unidos.

Antes do ataque de drones lançado pelo Irã no sábado, autoridades dos EUA disseram que não esperavam que os alvos incluíssem forças americanas na região.

Isso é uma mudança em relação ao início do conflito, quando as milícias apoiadas pelo Irã atacaram regularmente as tropas dos EUA no Oriente Médio, inclusive em um ataque que matou três americanos na Jordânia.

Depois que os EUA lançaram ataques de retaliação, os confrontos diminuíram.

No entanto, as tensões entre Irã e Israel não diminuíram. Sem qualquer canal direto de comunicação entre os dois países, o risco de erro de cálculo cresce.

*Oren Liebermann contribuiu com a reportagem

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